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27/11/2009

A Ilha – Uma Prisão sem Grades

Por estar ministrando disciplina de Social Comunitária, e recentemente tivemos um seminário sobre Dependência Química, achei oportuno republicar este texto aqui.

Quem me conhece ou lê meu blog com frequência, sabe da minha paixão pelo cinema e por alguns tipos de literatura. Por isso, estou sempre em contato com filmes novos e velhos, sempre em busca de algo que possa ser usado por alunos e profissionais psi.

Alguns filmes tem melhor conteúdo, outros nem tanto. Os considerados mais interessantes, viram artigos para a Revista Psique, para o site cinematerapia.psc.br ou para o livro. Porém, alguns outros despertam meu interesse em apenas levantar pontos de reflexão interessantes.

Um destes filmes foi “A Ilha – Uma prisão sem grades”. Influenciado por um filme homônino “A Ilha” onde questões genéticas e comportamentais de clones sao abordados, em uma visão futurista, acabei vendo este filme. Fiquei supreso por trabalhar o tema adolescencia e consumo de drogas.

Uma produção relativamente simples, com locações boas e baixo custo em figurino e elenco, mas que, por ser baseada em fatos reais, nos leva a refletir sobre a forma como lidamos com a juventude, a adolescencia, os sintomas, as transgressões e, principalmente, a dependência química.

O filme é focado em um centro de concentração quase nazista, onde pais, ocupados com suas vidas modernas e agitadas, delegam as atribuições parentais a um pseudo-militar, perverso . Como todo perverso, usa e abusa de seus conflitos projetados nos demais, criando um ambiente de negação, alienação e controle, como se os adolescentes fossem ratos de laboratorio. Cria e recria teorias causais mirabolantes, colocando todos os dependentes em uma “mesma categoria”.

Isto denota não somente um total desconhecimento sobre dependencia quimica, como também sobre os conflitos e problemas que se apresentam nessa fase da vida tão específica que é a adolescencia.

Entretanto, o filme não pretende esgotar o tema, nem dar uma visão politicamente correta de como seria o trabalho de profissionais QUALIFICADOS para lidarem com a questão. O filme nos apresenta um exemplo, BASTANTE COMUM no nosso país, de como NAO DEVEM SER TRATADOS OS DEPENDENTES QUIMICOS.

Não tem como não deixar de fazer uma correlação com notícias recentes na mídia sobre abusos cometidos nas ditas “comunidades terapêuticas” que por questões legais ficam a “mercê” da própria sorte, sem uma regulamentação rígida e concreta em relação a sua atuação. E assim, ocorrem os abusos, de todas as formas, nestes ambientes, muitas vezes longe da civilização e da fiscalização.

Quem fiscaliza essas comunidades? São necessários profissionais qualificados? Essa união com a religião é saudável? Existem estudos que comprovem se há eficácia, eficiencia e efetividade neste tipo de tratamento?

Não podemos também generalizar que todas estas comunidades são nocivas. Conheço vários estabelecimentos que, mesmo ligados a religião, de uma forma saudável, têm profissionais de psicologia, psiquiatria, terapeutas ocupacionais e serviço social em seus quadros, facilitando o acompanhamento necessário nesses casos.

A mensagem final do filme nos mostra como os jovens, desde a decada de 70, quando esses movimentos comecaram, sofreram abusos dos mais variados tipos e podemos refletir sobre a necessidade de informação que o publico leigo (leia-se pais desesperados) precisa tomar conhecimento antes de enviar seus filhos para locais como estes.

Fica aqui um complemento para reflexão: O QUE O PODER PÚBLICO TÊM FEITO PARA AJUDAR OS DEPENDENTES QUIMICOS DE NOSSA SOCIEDADE?

Bom filme!

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