Tecnologia do Blogger.

02/06/2010

Em qual Matrix Voce está? O Twitter e as mídias sociais.

Quem atende em clinica particular, de convênio, social, comunitária ou qualquer atividade que tenha contato com adolescentes e jovens adultos, saberá mais ou menos o que estaremos abordando aqui. Talvez algumas informações possam ser úteis em seu trabalho, visto que preciasamos sim de mais pesquisa nessa área em nosso país. Hoje perceberemos que se inteirar das características das relações que se estabelecem via Internet se torna algo importante para alguns aspectos trazidos para a clínica nossa de cada dia.

Se você já teve esse contato mencionado, responda se alguma vez, você já ouviu uma dessas palavras: Mirc, Orkut, Facebook, Youtube, Gmail, Twitter, GoogleWave, MSN, Disponível, Manhunt, Parperfeito, Blogspot, Flick? Se você respondeu “sim” a qualquer uma dessas palavras, saiba que você está dentro do que se chama de “cibercultura”, em uma Matrix paralela que a Psicologia ainda tem certa dificuldade para entrar, mas que vem avançando em pesquisa e inserção, até porque muitos dos aspectos de transmissão de informação e capacidade de divulgação se encontram na atualidade marcados pela passagem pelos sites e demais espaços da rede mundial de computadores.


Isso porque a Cibercultura adentrou a sua vida sem pedir licença. Assim como foi antes com a TV, a Internet entrou nas casas, dominou hábitos, mudou costumes e tomou um ponto importante na dinâmica familiar trazendo transformações inclusive no mobiliário e arrumação interna como antes o rádio e a TV marcaram época. Já é de conhecimento acadêmico o impacto  que essa mídia tem no comportamento humano.
Mas e essa nova onda do Twitter? O que ela tem de impactos? A que ela veio? Porque sua inserção se deu assim tão rapidamente marcada? Precisamos entender um pouco mais dessas mídias, pois fazemos parte e atuamos nesse contexto agora.

Algumas reflexões sobre o porque chegamos no TWITTER e de onde viemos.

Se voltarmos para a década de 90, temos uma era de interação sincrônica, com máscaras feitas através do Mirc. Eram os primórdios da interação e o anonimato fazia parte. Pesquisas nacionais mostraram aspectos psicológicos muito importantes nesta área. Basta perguntar ao “tio google”, o “pai dos burros”, ferramenta importantíssima na atualidade, que ele te responderá. Coloque as seguintes palavras: NPPI, Psicoinfo ou Psicologia e Informática que você encontrará muito material produzido, especialmente pelo grupo da PUC-SP e pelo CRP-SP.

Depois, veio o tal ICQ, que era como ter um “celular”. Você tinha um numero e fazia amigos. Era chic e cool e até empresas usavam. Mas, o celular chegou e o MSN também. Esse tomou conta do pedaço e dominou aqui no país. A comunicação continuou a ser síncrona, e um pouco mais direta, com nome e sobrenome. Entretanto era interação com UMA ou apenas algumas pessoas.  Então, vieram as mídias socias: formas de interação coletiva.
O Orkut foi um dos primeiros que obteve sucesso aqui no país, com sua capacidade quase sociométrica de unir pessoas. Foi bom enquanto durou. Virou um palco para perfis fakes(anônimos)  com toda subjetividade que isso traz, marca e constrói, alguns com características do perverso. Muitos ainda tentam resgatar o que pode ser saudável daquele que um dia foi um grupo operativo, mas que parece que precisa de ações mais imediatas.  Meio espaço perigoso. Meio consequência...àquela área da cidade que é considerada perigosa no mundo real, assim se faz representar também no virtual, mas com características próprias desse espaço. Há de se tomar cuidado e evitar algumas coisas básicas, inclusive a questão dos famosos vírus ou invasores. Muito desses aspectos adentra no consultório como queixas referentes a este site de relacionamentos. Desde conflitos conjugais até crises de ciúmes, passando por vítimas de cyberbulling ou mesmo de invasão de privacidade para alguns incautos ou novatos no uso desse site.

Vale ressaltar aqui que não há qualquer tipo de exclusão social neste aspecto, visto que a inclusão digital parece ter sido bem incentivada em nosso país. Estamos no topo do ranking mundial de acessos a internet, mas, infelizmente, não estamos no topo da lista no quesito EDUCAÇAO. Somos, infelizmente, considerados um grupo mal educado virtualmente, já tendo sido chamados de “gafanhotos digitais”, pois adentramos sem pedir licença, manuseamos as mídias de forma equivocada e espantamos os demais usuários. Questões que podem levar a sérias reflexões sobre a “inclusão digital” e a confecção de alguma organização necessária. No aspecto da inclusão muitos teóricos têm destacado o domínio da língua como o marcador mais importante no mundo virtual, onde outras diferenças do mundo off line se encontrarão bastante atenuadas nesse ciberespaço.

Agora veio o Facebook. É mais modermo, mais cool, mais diferente e mais teen. Os jovens de todas as classes ou já possuem um ou estão fazendo. É a corrida do momento. A bola da vez entre eles. É interagir com os outros, mas não mais pela questão sociável que o Orkut trazia, mas sim, pela questão mais narcísica, há mais marcadamente nele um aspecto do se mostrar, falar de você, fazer testes de informações pessoais, brincar e interagir, se exibindo. O foco mudou de social para pessoal-social. Tem nitidamente um “q” mais narcisista,
E paralelo a isso, cresce o uso do Twitter, para aqueles mais descolados e mais “antenados”, mas que tem a mesma função: traços narcisistas bem característicos da contemporaneidade.

Resumidamente, o Twitter é um site simples, sem muitos recursos. Bem estático e aparentemente monótono. Há um espaço para responder “O que voce está fazendo?” E os usuários escrevem, com no máximo 140 caracteres, o que quiserem. É o exercitar da capicidade de ser direto na escrita. Poder de síntese. É o chamado “microblog” onde você envia um pequeno texto, como uma mensagem de celular, aspecto principal passar alguma informação, quer seja pessoal ou coletiva.

Você segue pessoas e lê o que elas dizem, e pessoas te seguem, lendo o que você derramou em 140 caracteres para seus “leitores”. A interação ocorre apenas SE VOCÊ QUISER, mas sem obrigatoriedade. (palavras do @biz, criador do site).

Porém o serviço foi sendo “floreado”, assim como o MSN, por desenvolvedores de softwares terceirizados. O twitter se manteve como site, mas programas foram criados para acessar e interagir de maneira mais síncrona. Vários programas para acesso, mudança de fotos, mudança de fundo, mudança de tudo. Até que o site, aparentemente estático e sem graça virou janelas no estilo mais Matrix possível. Voce passa a ser seguido e a seguir pessoas. Sem compromissos. Você fala tudo que vem à sua cabeça e ouve aquilo que os demais tem pra dizer. Ou não. Se quiser, responde, se não quiser, deixa pra lá e continua. É como se fosse um Carroussel, onde pessoas passassem em grupo e voce entra e saí a hora que quiser. Todos os dias pessoas falam sozinhas, escrevendo o que estão fazendo, respondendo a pessoas desconhecidas, compartilhando SENTIMENTOS E EMOÇÕES. Fazem declarações, reclamações, propagandas. É uma verdadeira feira, cheia de “pios” (ou tweets = mensagens) onde voce lê aquilo que você deseja, afinal, você que escolheu que vai seguir ou não.

Para entender melhor o que é o twitter. Se você viu o filme do “Todo Poderoso, do Jim Carey” há uma cena em que ele, como Deus, ouve o desejo de milhões de pessoas, pedindo coisas. O Twitter é igual, mas com as pessoas falando o que quiserem. Esse agrupamento de pedidos, desejos, desabafos, desafetos acabou gerando uma outra matrix paralela, onde questões sociais voltam a surgir.

Alguns fenômenos de comportamentos nitidamente de patológicos começam a despontar. É possível verificar já uma busca incansável por “seguidores”, como se o número indicasse popularidade e servisse para acariciar o Ego daquele que usa, ainda mais marcante do que foi a questão do “eu quero ter um milhão de amigos” no Orkut. Ter muitos seguidores passou a ser meta de vida de alguns alí, que incansavelmente chegam a IMPLORAR. E não são poucos. Estamos falando de MILHARES de pessoas que buscam constantemente esse reconhecimento virtual, obviamente que a grande maioria visa muito mais do que uma provisão narcísica, há grandes interesses econômicos já marcando tudo isso.  Outro fato interessante é quanto o site sai do ar e a famosa “baleia”, símbolo de sistema sobrecarregado, aparece. Há uma espécie de histeria coletiva, uma correria de usuários, tentando se conectar de outra maneira.  A temida baleia virou brincadeira. É o medo que vira chistes.

Outro ponto importante é que o Twitter aproximou as celebridades de seus fãs, mas nem todas estavam preparadas para a rapidez e velocidade, e suas implicações...

Existe uma diferenciação entre pessoa e artístico, e esta seria um dos riscos que estes correm, ao se colocarem a prova no Twitter. @Cardoso colocou em seu blog uma dessas preocupações, relativas a essa falta de barreiras. Quem acompanha e usa tem visto uma briga virtual de unhas e dentes, envolvendo celebridades, colunistas, apresentadores, diretores. Muitos do mundo das celebridades correram para o Twitter, e talvez não pensaram no impacto que isso poderá ter em suas carreiras. Diversos deles nunca sequer tinham ouvido falar das questões do chamado “ciberespaço” e adentraram um território que pode ser bastante prejudicial, tanto em âmbito pessoal, como profissional, não devemos esquecer jamais aquilo do qual a psicanálise fala tão bem, tudo aquilo que se oculta é o que mais se revela. É claro que é isso que o seguidor mais quer saber.

Aston Kutcher, é um dos “garanhões” mencionados pelo Psicanalista Daudt em sua entrevista que rodou a internet em forma de vídeo. Kutcher tem mais de 2 milhões de “seguidores” e ainda conseguiu casar com Demi Moore. Essa disputa quase falocêntrica gerou frenesi entre os brasileiros e muito mal estar. Twitterlândia virou um campo de batalha. Quem é mais engraçado, quem tem mais seguidores, quem interage mais, quem tem mais isso ou aquilo. A competição tomou conta e o “Coliseu Virtual” foi instaurado. As novas entradas (celebridades) são jogadas aos leões (usuários). Alguns são atacados, mordidos, outros se defendem e contra-atacam. Um circo digno de um reality show (desses onde os participantes esquecem de tomar seus remédios ou tomam remédios controlados)

E o motivo disso acontecer? É que tudo está muito mais rápido, como um tornado. Ao mesmo tempo com interação nunca vista antes. Isto expõe o artista ou pessoas a mostrarem o que realmente são. E isso poderá agradar ou NÃO ao telespectador ou ao seu público alvo. Podem estar ajudando ou atrapalhando as próprias carreiras. Tudo isso nesse novo tempo que o mundo virtual trouxe, esse que se constitui como um tempo imediato, instantâneo. Somar isso ao fato do Brasil ser um país de acessos a Internet com índices impressionantes nos fará ver que estamos diante de um fenômeno merecedor de muita atenção, que querendo ou não, invade o chamado mundo off-line(atual).

Muito se tem falado da chamada de new mídia e talvez o Twitter venha exatamente sublinhar ainda mais esse fenômeno que cresce. Procurar o famoso “lugar ao sol” sempre foi o objetivo de muitos que pensam ter algum talento a ofertar ao mundo, alguns cobertos de razão, aparecem ou não, vai um pouco aí da capacidade de se mostrar e também de uma boa pitada de sorte, ou de algo que poderíamos chamar de estrela da sorte. O que há de diferente trazido por essa nova mídia? Talvez resida exatamente em dois principais aspectos(e muitos outros, é claro):

*a rapidez  com a qual alguém ou algo pode se tornar famoso;

*a rapidez com a qual  algo ou alguém pode cair dessa instantânea fama.

Alguns colunistas de jornais, passaram a interagir mais com seu público, mesmo os mais criticados, quebrando barreiras e preconceitos. Alguns ex-reality show mostram que são mais do que uma simples imagem, e alguns artistas se mostraram tão próximos de seu público que talvez renasçam das cinzas, no estilo “phoenix”. Este é um dos pontos positivos que o Twitter traz para este “celebrity world”. Esse tão perto e tão longe que o mundo net/virtual vem nos ensinando e que nos provoca ainda “maravilhamento” e estranheza, em uma mistura que ainda não conseguimos processar muito bem.

Por outro lado, muitos artistas têm se mostrado chatos, repetitivos, cansativos e os comentários começam a surgir. Tem artista que só entra pra divulgar show, e acha que usuários não perceberam que estão sendo tratados como números. Tem “celeb” que não escreve blog e tenta enganar que está twittando. Tem usuário fazendo baderna, como se aquilo fosse o playground de uma escola de ensino médio. As reações em massa, em progressão geométrica virtual se tornam um objeto interessante de se observar.

 Quando o usuário se permite seguir e ler sobre algúem (sim, é ele quem se permite, o artista aqui está na forma passiva, mas narcísica), ele não está interessado em ler mensagens de SPAM ou escritas por outra pessoa. Ele quer interação com aquele que segue. Muitos ainda menosprezam a capacidade do chamado mundo net/virtual por sua capacidade de máscaras(fake), mas o que temos visto é que essa diferenciação cai, mesmo quando por detrás de personagens montados, a exposição permanente mais revela que oculta.

E não é somente para celebridades que existe o Twitter. Muitos CEOs de empresas internacionais já utilizam e se comunicam sim com usuários. A moda está pegando aqui no Brasil e começou pelas emissoras de TV. Diretores, redatores, produtores estão todos online buscando informações e interesse em tempo real(atual). Enquanto o Ibope diz quantos assistem, o Twitter lhes diz “o que querem assistir”. Não foi à toa que Celso Portiolli ganhou o Domingo Legal. É claro que não foi por causa do Twitter, mas sim, pela sua história e trabalho na televisão. Entretanto, quando foi preciso – em tempo muito rápido, quem detinha o poder de decisão (Danibay) ficou sabendo do desejo do público em tê-lo como apresentador. Ela deveria já tê-lo como “escolhido”, mas a pre-decisão foi reforçada pelos seus seguidores.

Isso mostra que o Twitter pode estar hoje, talvez, como uma ferramenta “à frente” das demais mídias. Quem acompanha essa mídia social sabe das notícias em tempo real. Ver o telejornal no final do dia é ter aquela sensação de “dejavú”, porque tudo passou antes pelo Twitter. Assistir aos programas dominicais se tornou repetitivo, pois muitos baseiam suas pautas no que é dito ou comentado no site. É o centro da internet, NESTE momento. Talvez mude, talvez não, mas fenômenos importantes acontecem por alí.

Ele agora virou a TV interativa do mundo moderno. As pessoas vêem tv juntas e mandam tweets com suas opiniões. Ou trocam entre pessoas que estão assistindo “juntas” ou entre público e os protagonistas. Imagine voce assistir a uma entrevista do William Bonner no Programa da Marília Gabriela e ao mesmo tempo trocar comentários e informações com o próprio entrevistado? Imagine você assistir a um programa de comédia e interagir com os comediantes (Pânico). Ou até mesmo, estar presente em eventos nos quais não pode, geograficamente ir. A blogueira Rosana Hermanm (@rosana – Querido Leitor),  frequenta eventos sobre cibercultura pelo país e pelo mundo e informa em tempo real o que os grandes teóricos, pesquisadores e desenvolvedores falam sobre o tema. É essa virtualidade encurtando o espaço geográfico e transmitindo informação em TEMPO REAL. Os mais espertos já perceberam isso há algum tempo, outros nem tanto. Alguns usando corretamente, outros não. Os números do Ibope mostraram algumas coisas interessantes recentemente. Programas que antes ocupavam segundo ou terceiro lugar têm ganhado força com a ajuda do twitter.

Cada um mostra aquilo que é e que tem de melhor – nesse momento, e caberá ao público realmente perceber se vale à pena continuar assistindo ou dando importância para uma ou outra celebridade. Assim como a dança das cadeiras na tv que tivemos recentemente, teremos dança das cadeiras das celebridades, onde algumas ganharão maior importância e outras cairão, pois quebou-se parte da fantasia do ídolo.
Daudt deixou claro na entrevista que esse imáginário popular sobre a celebridade pode passear entre “amor e ódio”, no melhor sentido Kleiniano possível, e essa fantasia que se tem sobre um ídolo pode ser quebrada por uma simples exposição desmedida. Talvez o Twitter nos mostre quem realmente as pessoas são, e sejam admiradas pelo seu talento, pelas suas habilidades, e não pelas embalagens e roupagens que ganham pela mídia ou apenas veremos novas modalidades de atuação de máscaras e personagens.

Essa questão do amor e ódio pode nos fazer refletir sobre outro ponto importante: os Fakes (e não confunda com avatares). Perfis fakes são aqueles criados com propósitos anônimos, muitas das vezes perversos, de colocar e expressar toda sua pulsão de morte e de destruição. Vários são os casos recentes de pessoas conhecidas que tiveram seus perfis hackeados por brasileiros por puro prazer em destruir, em se mostrar perversos.

Outra pergunta que não se cala diz respeito ao que se refere àquilo que chamaremos de verdadeiros talentos, esses que se evidenciam acima de uma multidão em busca da fama, isso poderá acontecer em qualquer setor de manifestação da arte.

Ainda sobra espaço para o aparecimento e manutenção do talento em nossos dias? Terá a arte também sucumbido a desafetação(retirada da emoção que se liga a um evento) e ao fast-food que permeia todos os vínculos na atualidade? Trataremos as manifestações do coletivo que conhecemos como arte, também como algo descartável? Temos a esperança que não, e ainda acreditamos que esses talentos continuarão a aparecer e a se manter pela beleza que trazem junto a sua arte. Talvez, e vamos deixar isso aqui realmente como uma grande indagação, mas talvez possamos pensar que com o crescimento das mídias o espaço para o efêmero tenha se alargado de forma gigantesca e que isso alimente essa nossa sensação de rapidez da fama, frágil fama quando não assentada em um genuíno dom.

Pensamos que a grande questão que nos assombra, seja a de transformarmos esses talentos em caricaturas desse descartável, seguindo a tendência dominante. Negar o talento incomensurável de Amy Winehouse , por exemplo, nos parece impossível. Mas sublinhamos através da mídia, não esse talento, mas sim sua tumultuada vida, que sabemos que já foi precedida por outros inúmeros exemplos parecidos, como o próprio Michael Jackson, Elvis Presley, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Ray Charles e tantos outros. Mas talvez, a mídia de suas épocas, tivesse um poder menor, uma capacidade bem mais reduzida de explorar suas idiossincrasias.

O Twitteiro provavelmente ainda não tenha se dado conta do poder que tem nas mãos, podemos pensar nas “fofoqueiras de plantão”, aquelas apelidadas de cotovelos roxos, das pacatas cidades do interior, que eram capazes de arruinar vidas ou elevá-las com apenas uma frase, repetida essa no telefone sem fio que se constituí a comunicação humana. Imagine essas “boas” velhotas com o poder do Twitter!

Isso nos colocará frente a outra importante questão: alguns pesquisadores acreditam que nessa era da conectividade jogar informações sobre nós mesmos seria uma forma de assumir o controle sobre elas, mas será que isso é algo de fato? A informação através da comunicação característica da “rede” será capturada como? Pensamos que tentar responder a essa questão poderá ser algo que faça a diferença.
O Twitter está aí nos trazendo mais algumas ricas indagações na atualidade, pensar e pesquisar sobre sua inserção em nossos vínculos atuais se torna algo bastante complexo e mais do que necessário. Nessa movimentação que caracteriza o homem contemporâneo em sua necessidade de quebra quanto ao anonimato, em busca constante de uma vitrine que dure um tanto mais que os meros 15 minutos de fama vaticinados por Andy Warhol.

Fato é que muitos de nós já entendemos que a Internet veio para ficar e que se constitui também em ambiente de trabalho, de divulgação das mais variadas, aquilo que começou arma militar e passou para entretenimento e lazer, começa a ganhar contornos de uma mídia poderosa, quem está por esse ciberespaço há algum tempo já se deu conta disso. Como utilizaremos isso é algo que ainda vem se construindo e que nos remeterá para a sempre constante questão que se apresenta frente a atividade humana, a construção de uma ética que não transforme tão poderosa ferramenta em um algo nefasto ou destrutivo, velha questão que atravessa a humanidade desde que o homem tocou outro ser semelhante a ele, e desde que pelo interdito constituiu-se como ser da cultura.

Só nos resta torcer para que não vire uma terra sem lei, dominada pela pulsão perversa, como aconteceu com o Orkut, já relatado há alguns anos. Assim como temos a sociologia e a psicologia, com estudos macro e micro relativos a grupos, temos a cibercultura e a psicologia da virtualidade, com espaço para pesquisas e inserção. Só não podemos permitir que fiquemos de “fora”, visto o que aconteceu historicamente com a Ergonomia. Não deixemos um espaço fértil para a pesquisa e inserção profissional do profissional psi cair no desinteresse da categoria. De uma forma ou de outra essa virtualidade perpassará nossa atuação profissional.
Se algum dia alguém usar a expresão #mimimi em qualquer contato profissional que você tiver, não se assuste, são os neologismos do Twitter invadindo a vida real.

E se você acha que já entendeu tudo sobre o twitter com essa simples matéria informativa, você está enganado. Vem aí o GoogleWave, que promete mudar mais ainda as formas de interação. Ele chegou, como próxima ferramenta, que promete causar algum impacto em um futuro próximo. Peguemos o nosso banquinho para assistir a cibercultura, mas com nossa contribuição de uma escuta e análise característica da nossa ciência.

Materia original publicada na Revista Psiquê Ciência e Vida

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